segunda-feira, 21 de março de 2011

Texto de um Portista como eu sobre a Champions 2003-2004

"Deixo aqui um texto que escrevi sobre o percurso até à final:

Se na Taça EUFA gastei muito dinheiro, na participação do FC Porto na Champions já tive mais sorte tudo por causa de sucessivas apostas que ia fazendo com o meu pai.

A caminhada começa com uma viagem de carro até ao Mónaco para ver a nossa equipa, lembro quease sem surpresas e contratações mas acabava de chegar/regressar o nosso Benny, jogo de má memória para nós porque depois de uma grande viagem mereciamos melhor sorte, mas bastou um azeiteiro mouro passar a bola para o ucraniano bichona fazer um golo já quase no fim, depois do GR do AC Milan ter defendido tudo até bolas em cima da linha.

Mas não foi esta derrota que me desmotivou e quem anda por gosto não cansa, lá fui eu com 4 amigos a Belgrado ver o FC Porto, era o nosso primeiro jogo na Champions e tinhamos de lá estar, um estádio a fazer lembrar um que temos em Oeiras, que tinha sido alcatroado no dia anterior para que as camionetas conseguissem lá chegar.
O resultado esse não foi o melhor começamos a perder mas lá empatamos contra a corrente de jogo, um relvado vergonhoso onde passamos muitas dificuldades frente a uns adeptos completamente fanáticos, já cá fora e depois do jogo ainda tive tempo de pedir um autografo ao nosso Drulovic que entretanto militava no Partizan.

Mesmo assim como só vi coisas bonitas na Servia não vim de todo triste, mas segue-se o Real Madrid em casa, é o único jogo que vou fazer referência em casa porque é importante, nunca mais me vou esquecer do que andaram a dizer de Mourinho e as profecias que andaram a fazer, perdemos em casa 3-1 numa arbitragem vergonhosa do senhor Colina onde até um simples tropeçar deu direito a penaltis.

3 semanas depois já com mais calma lembrei-me de telefonar a um amigo meu se me conseguia alojar por 1 noite para poder ir ver o meu FC Porto ao mítico Velodrome, e mesmo com as contas difíceis a esperança não desaparecia, digo que este foi o jogo nesta fase que mais unhas comi, mas se não morri do coração em Sevilha não era ali de certeza que ia acontecer tal coisa.

Noite grande para Alenitchev e claro para o parolo do César Peixoto que fizeram um grande jogo, César fez até onde pôde e depois voltou para o estaleiro era só azares, jogávamos contra uma tripla atacante de respeito à cabeça contavam com Drogba, Steve Marlet e Mido... Mas a vitória foram dos poucos Portistas presentes no estádio onde trouxemos um importante 2-3 arrancado a ferros contra outro estádio repleto de fanáticos.

Aqui já andava mais animado, já vinha a fazer contas ao grupo que bastava ganhar os jogos que se seguiam em casa para passarmos em 2º lugar, lá ganhamos em casa os dois jogos e era hora de ir visitar nuetros hermanos e como não gosto deles fiz questão de lá estar, metia-me nojo aquela equipa e sonhava que o FC Porto podesse fazer um grande jogo e calar aqueles cara**.

Fiz-me à estrada com o bilhete na mão e já perto de Madrid iamos ouvindo noticias de alguns adeptos do FC Porto agredidos por adeptos Espanhois, bem eu só pedia que jogassemos bem se tivesse que levar na “tromba” já tinha idade suficiente para aguentar com o que quer que fosse.

Mas naquele chuvoso dia, o nosso mágico que é melhor que o Pélé e finta com os dois pés lembrou-se de fazer o mais espetacular jogo que o vi fazer, jogamos à Porto, lembro só que no final um 1-1 empate para os Espanhois era um vitória porque foi das melhores exibições colectivas que vi até hoje, saímos do estádio sobe um coro de assobios e a imprenssa espanhola “tal & qual” a nossa disse cobras e lagartos da nossa equipa, lembro só uma frase do AS “Pseudo-galáticos com muito fogo-de-artifício mas no final nada e especial...”, fica para mais tarde recordar juntamente com um certo palhaço que foi ver o jogo do Real Mad vs FC Porto à casa do Real em Lisboa, a este herói de pés de barro apenas uma palavra “has-de sofrer até morrer...”
Como nem tudo eram boas notícias no sorteio e já mais uma roadtrip combinada, sai nos oitavos o todo-poderoso Manchester United, bem quando me dirigi à bilheteira para comprar os bilhetes para o jogo fora ainda estavamos em Dezembro, e o pensamento ia no seguinte se ficarmos pelo caminho já chegamos longe, mas se passarmos que quero lá estar senão vou-me arrepender para o resto da minha vida.

Em casa e já no novo Dragão um super Benny fazia 2 golos que nos faziam Sonhar, mas tinhamos sofrido 1 o que complicava as contas, mesmo assim e numa noite cheia de nervos acontece um momento mágico na partida que para mim é o momento chave para a nossa arrancada para a Final, lembro só que aos 89´ estávamos arrumados, mas quem tem Benny a marcar Livres e Costinha na recarga tem momentos como aquele que vivi em Old Trafford, no teatro dos sonhos só o FC Porto tornou realidade um sonho tantas vezes tentado, eliminamos um equipa Inglesa e era a primeira vez que eu assistia em terras de sua Majestade a tal feito.

A noite e já à saída problemas com os bebados do costume que com a frustração da derrota queriam vingar-se nos adeptos, isto acontece a quem passou os últimos 7 minutos a dizer-me adeus entre outros gestos, claro que no final levou com tudo o que eu tinha, lágrimas, alegria, arranhões na perna de saltar 7 filas para festejar um golo e claramente o ultimo a dizer adeus fui eu, a noite acaba num pub ranhoso a beber cerveja juntamente com umas inglesas gordas e feias e uns velhos a lembrar tempos antigos, fez-me lembrar algumas casas do slb.

Agora começa a corrida aos bilhetes para o próximo jogo, caía o Lyon e depois de uma vitória categórica em casa esta estava no papo, mas como quem foi de carro ao Monaco e a Marseilha também ia de carro até Lyon, chegar cedo ás bilheteiras onde já figuravam alguns milhares de adeptos e lá consegui o meu bilhete, este jogo foi um autêntico passeio, tudo porque a cada bomba do Maniche acabava com a réstia de esperança dos Franceses, neste jogo pensávamos que íamos a Itália jogar mas o Depor lá se lembrou de fazer uma reviravolta fantástica no marcador e passar às meias-finais.

Bem como era perto tudo queria ver o jogo, outro filme para conseguir um bilhete, além do bilhete foi-me dado uma camisola e um cahecol que guardo religiosamente em casa como uma recordação que vai ficar para toda vida, em casa tínhamos feito um 0-0 noutra arbitragem de bradar aos céus e tínhamos obrigatoriamente de ganhar onde ninguém até então tinha conseguido.

Lá me mandei para a Corunha, cidade que conheço bem (aliás basta perguntar a muitos homens aqui se não conhecem... marotos estou a falar da boa comida), qual não é o meu espanto que a cidade tinha-se “engalanado” para receber o FC Porto, bandeiras nas janelas tudo andava na rua de cachecol e estavam com moral toda, mesmo sem Jorge Andrade.

Jogo difícil com uma bola no poste e um golo em fora-do-jogo que a Colina não deixou passar e lá íamos nós aguentando a tudo o que nos atiravam , nem mesmo a chuva que apanhava porque quis ficar perto da bandeirola para ver melhor me faziam recuar, até que o central faz falta sobre Deco dentro da área e o Sr. Colina lá se lembrou que estava na hora de ter os tomates no sítio e marcar grande penalidade, o nosso Ninja(que anos depois virou Ginja) fazia as honras da casa e carimba aqui a nossa passagem à final, não me lembro de mais nada depois desse momento foi festejar até a partida acabar e já com as lágrimas nos olhos Derlei dá-me um abraço e diz-me ao ouvido “vamos vencer a final...”

No meio de tanta alegria horas depois recebo uma chamada a dizerem-me que um amigo meu tinha falecido num acidente de carro à vinda da Corunha, uma fatalidade acontecia momentos antes de uma final.

Mas estava num momento que precisava de esquecer as infelicidades da vida e lá me lembrei de ir para o Dragão dormir para arranjar bilhete, levei um saco cama e uma bola de futebol e que jeito que deu, o FC Porto abriu as portas da bancada para os adeptos poderem repousar sem problemas, lá consegui 2 bilhetes que foram os mais lindos bilhetes que tive até hoje, um cartão plastificado com sistemas de porta moedas.

No dia da final e o jogo foi um “jogão” um dia para mais tarde recordar e não trocava por nada deste mundo a felicidade de ver o a cidade do Porto no dia seguinte parada a festejar a conquista... Ainda andei à procura por Gelsenkirchen pela minha amiga Charlotte do Mónaco mas só encontrei o sueco bichona do Tio que ao que me lembro não viu nada depois do 2º golo.

Meus amigos peço desculpa mas não consegui resumir mais o post e final para mim tinha de ser contada assim.

Um abraço"

PS: Palavras para quê?

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